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18 dezembro 2010

MENSAGEM DE NATAL ATÉ PARA QUEM NÃO É CRISTÃO


Amados leitores, amadas leitoras:

Entre os noticiários televisivos, fala-se muito na "febre do Natal", uma verdadeira festa para comerciantes e consumidores que podem ir às compras, é claro! Não é o meu caso, nem o caso dos catadores de papel que me abordaram na noite de ontem, quando, após rever minha amiga Cyra, a quem não encontrava havia anos, e acompanhá-la até um táxi, voltei para o prédio onde resido.

Algumas pessoas passavam, mas foi a mim que os catadores se dirigiram, pedindo-me dinheiro para que comprassem café com leite e pão, pois tinham fome. Porém, eles falaram comigo de forma tão carinhosa que me senti mal por não dispor de qualquer valor - o que era a mais pura verdade! Os dois homens não exalavam cheiro de bebida, cigarro ou maconha. Desfaziam as caixas que pegavam do lixo do prédio e dobravam cartões e cartolinas com cuidado: era o cuidado de quem sabia que aquilo era (e é) sua subsistência.

Falei-lhes sobre o quão lamentava não poder ajudá-los e, diferente de muitas pessoas, que desconfiam ou que até nos mandam para aquele lugar, os dois demonstraram acreditar em mim. Agradeceram, perguntaram se eu era cristã, ao que eu disse "sim", e me desejaram um "Feliz Natal". Ao saber que eram irmãos, desejei o mesmo a eles, e, apontando para o meu apartamento, disse:

- Moro aqui, bem aqui, mas meu Natal será, de certa forma, como o de vocês: sem presentes mas de muita união. Meu marido, eu e os nossos cachorrinhos vamos passar o dia bem juntinhos e vamos orar a Jesus e a Deus, que é o Pai de todos nós. Sim, somos todos irmãos de Jesus! E, se vocês permitirem, quero abraçar vocês e, pelo meu abraço, desejar-lhes saúde, união e tudo de bom para vocês. Posso?


Os dois e eu, com os olhos marejados, nos abraçamos e rezamos juntos um Pai-Nosso, por sugestão de um deles. Depois nos despedimos fraternalmente e segui meu caminho. O portão do prédio estava próximo.

Já no nosso apartamento, e sentindo-me muito cansada, concordei com meu marido e fomos todos para a cama: nós e os cachorrinhos, é claro! E aí contei sobre os dois homens. Lembrei-me de um bisavô que não cheguei a conhecer... Ele trazia para casa pessoas pobres e famintas que encontrava na rua. E mandava providenciar uma refeição bem quentinha a todos. Os tempos eram outros, a violência já existia mas era exígua, e um costume como esse do meu bisavô nunca resultava em qualquer tipo de dissabor. Hoje, infelizmente, tudo mudou, a vida ficou feia, muito feia...

Gostei muito de encontrar os dois catadores de papel e de abraçá-los e de orar com eles. Entretanto, não dava para trazê-los ao nosso apartamento, por tantas e tantas razões que me reservo o direito de não explanar aqui. De qualquer forma, meu coração, já alegre por rever minha amiga Cyra, ficou mais alegre ainda por esses instantes de sincera fraternidade.

E hoje, ao invés de publicar o texto que vinha preparando, resolvi compartilhar com os leitores deste Blog um outro texto meu, escrito há algum tempo, mas igualmente verdadeiro. Para cristãos e não cristãos. Para crentes e descrentes. Espero que gostem e que sintam, durante a leitura, o meu mais fraterno abraço no coração e na alma de cada um de vocês.




AS ESTRELAS DE DEUS E AS ESTRELAS DOS HOMENS
                                                                                                                        
Era o dia 2 de janeiro de 1997, e meu marido e eu estávamos a bordo de um Airbus 340-300 da companhia espanhola IBERIA, em voo que saíra de São Paulo na noite do dia anterior. O nosso destino final seria Londres, onde ficaríamos uma temporada para que eu fizesse parte da minha pesquisa de mestrado. Esse voo com a IBERIA, portanto, pressupunha uma escala em Madri para troca de aviões.

Estava sem noção de tempo e espaço. No avião, todos dormiam. Decidi abrir a janelinha e fiquei observando as estrelas por um longo tempo. Aproveitei para orar. As estrelas pareciam viajar, lado a lado, com o avião... Em verdade, é claro, era o avião que se movia! Mas as estrelas reluzentes também mostravam que não estavam estáticas no Universo: elas pulsavam, pulsavam, como corações perfeitos. Contração, dilatação. Sístole, diástole. E, ao olhar para baixo, tive uma bela surpresa! Lá fora, naturalmente, predominava o escuro. Pudera! Além do horário, estávamos em pleno inverno europeu! No entanto, o tempo devia estar limpo, pois, da minha janelinha, fiquei emocionada com uma espécie de presépio que podia ver à minha esquerda, lá embaixo. Eram luzes!

Lembrei-me de meu pai, Francisco (encarnado na época, sendo transferido para o Plano Espiritual em setembro de 2006). Em todos os Natais ele perguntava:

- Mônica, sabe quem fez o primeiro presépio do mundo?

Eu sabia a resposta, mas meneava a cabeça negativamente, pois percebia que ele se esquecera de que já me havia contado a história. E, como ele queria contá-la, melhor deixá-lo feliz. Então ele me dizia que fora Francisco de Assis o primeiro a montar um presépio para perenizar a cena da Natividade de Jesus. E também contava o ano em que isso acontecera (1223) e sua fonte (meu pai nunca se apropriou de informações alheias, fossem elas acadêmicas, ou, como no caso, de almanaque). A informação estava num daqueles calendários de parede em que o usuário deve diariamente destacar uma página. No verso da página referente ao dia 25 de dezembro estava a história sobre o presépio de São Francisco de Assis.

Deixando meus devaneios natalinos para trás, comecei a checar os mapas que tinha em meu poder, posto que adoro viajar e curtir todos os momentos da viagem. Também tratei de observar os monitores a bordo, que acabavam de ser religados, provavelmente para despertar os passageiros de forma suave e tranquila. Pude comprovar que estávamos margeando o litoral sul português, e que o que eu contemplava era exatamente a cidade de Faro. Perguntei a uma “azafata” (comissária de bordo, em espanhol) e ela confirmou:

- Sí, es Faro, una ciudad portuguesa.

Os mapas estampados nos monitores do avião mostravam que logo entraríamos no espaço aéreo espanhol, numa rota que sobrevoaria Sevilha antes do destino final, Madri. A tripulação serviu-nos o café da manhã e os monitores começaram a mostrar imagens da Espanha. Quando nos aproximávamos da capital espanhola, já em manobras de aterrissagem, ouvimos a voz do comandante espanhol, que dizia:

- ¡Mirad! Arriba las estrellas de Dios y, abajo, las estrellas de los hombres, las luces de la bella capital española. Ojalá un día la paz de las estrellas de Dios pueda también reinar en las estrellas de los hombres de todo el mundo. (Vejam! Acima as estrelas de Deus e, abaixo, as estrelas dos homens, as luzes da bela capital espanhola. Tomara que um dia a paz das estrelas de Deus possa também reinar nas estrelas dos homens do mundo inteiro.)



Eu, Mônica, faço coro com o comandante Moreno
(era este o nome do inspirado senhor espanhol)
e desejo muita PAZ a toda a humanidade!
Feliz Natal e Feliz 2011!
Obrigada!



P.S. Também estou com febre, mas, infelizmente, é febre de verdade. Só não sei se é de fundo emocional (pois tenho me aborrecido muito) ou é doença mesmo. Minha febre, portanto, não é do tipo "consumista", que toma conta de muita gente nesta época do ano, rsrsrs... Quisera que fosse!

10 dezembro 2010

ALMAS GÊMEAS NÃO EXISTEM


Amados Leitores, Amadas Leitoras:

Juro que não sei o que está acontecendo comigo, mas simplesmente não consigo atinar se tudo caminha para um final feliz... ou não.

Na manhã de hoje, febril e com dor de garganta, fui convencida pelo meu marido a ir ao Pronto-Socorro. Vai que é bactéria e... Enfim, fui tartarugando pelo caminho irregular e cheio de buracos, sempre apoiada em meu super carro de Fórmula 1: minha bengalinha.

Ao chegar ao hospital onde fica o PS, recebi as "boas-vindas" de um elegante carro funerário. "Bom ou mau presságio? Chegou a minha hora?" Enfim, falei com o motorista, que parecia estar aguardando alguma autorização para deixar o local. Sim, havia um caixão levando uma senhora. Orei rapidamente. Nesse momento, chegou um senhor e contou que se tratava de uma tia sua, que morrera na madrugada naquele hospital. Apresentei-lhe meus pêsames e, mais uma vez, orei sinceramente pela senhora, porém de forma mais demorada. E orei pela família, é claro!

O hospital estava confuso, ninguém notou que entrei. "Seria eu uma alma penada?!". O pronto-socorro estava cheio e igualmente confuso... Mas alguém notou minha presença depois de certo tempo. Houve demora para tudo, mas levei numa boa... No final das contas, demorei-me mais do que imaginara... Mas tudo bem! Pelo menos, não teve injeção de Benzetacil: "Ebaaaaaa!!!!!!!!!!!!!!" Eu achava que ia ter, tamanha a dor na garganta e o pus que eu, conhecedora como sou (rsrsrs), identificara em casa com a ajuda de um espelho. Mas saí de lá apenas com uma prescrição para um antiinflamatório maneiro, rsrsrs...

Enfim, tudo parecia tão lento e estranho... Lento como minha tentativa para marcar uma consulta com um neurologista. Lembram-se de minhas postagens anteriores? Minha "saga" pode ser acompanhada em PRECISO GRITAR: GRITO Nº 4 (publicação: 20/11/2010) + HUMANIZAÇÃO DA MEDICINA. URGENTE (publicação: 25/11/2010) + MEDICINA E UM PATO BRASILEIRO EM SEVILHA (publicação: 03/12/2010). A situação atual: Achei o médico (Ufa!), mas não consigo marcar a consulta: sempre que ligo, a secretária alega que "o sistema caiu" ou que "o computador deu pau". (????????????)

Assim, tentei aproveitar o tempo de espera no Pronto-Socorro e fazer algo útil: peguei meu caderno de anotações e mandei ver no texto prometido, sobre a existência ou não de almas gêmeas.


E lamento dizer, mas...

ALMAS GÊMEAS NÃO EXISTEM




Segundo a doutrina espírita, codificada por Allan Kardec (1804-1869), somos todos “espíritos” criados por Deus. À guisa de uma classificação didática, dizemos que somos “almas” quando estamos “encarnados”, ou seja, quando estamos aqui na Terra vestindo um corpo que um dia perecerá.

Em O Livro dos Espíritos, cuja 1ª edição data de 1857, aprendemos que “Deus é a inteligência suprema, causa primária de todas as coisas”. Deus é infinito, ou seja, “não tem começo nem fim”. A pergunta nº4, “Onde se encontra a prova da existência de Deus?” é assim respondida pelos espíritos que ditaram a obra a Kardec:

“Num axioma que aplicais às vossas ciências.
Não há efeito sem causa.
Procurai a causa de tudo o que não é obra do homem
e a vossa razão responderá.”

Comentário de Kardec sobre a resposta acima: “Para crer-se em Deus, basta se lance o olhar sobre as obras da Criação. O Universo existe, logo, tem uma causa. Duvidar da existência de Deus é negar que todo efeito tem uma causa e avançar que o nada pôde fazer alguma coisa.”


O brilhante físico Albert Einstein (1879-1955) assim falou sobre o Universo:

“Não há como conceber (= compreender)
o Universo sem que se aceite
a existência de Deus.”



Pois é assim que Deus se apresenta a nós: a inteligência suprema, causa de tudo e de todos, o infinito. A linguagem humana não tem elementos para defini-lo de outra forma. E o conhecimento humano nada vale se tentar explicar mais sobre Deus e sua Criação infinita: a matéria, o Universo, os espíritos. Cá entre nós, ainda bem que não temos inteligência suficiente para o entendimento de Deus e sua obra. Afinal, todo conhecimento, em mãos boas, serve para o bem. Porém, em mãos maléficas... Nem é bom tentar imaginar! Sobre isso, aliás, Kardec é bem claro ao dizer que Deus não permite que o homem conheça o princípio das coisas (pergunta nº 17), mas que, à medida que o homem se depure, passará a ter faculdades que ainda não possui, e, então, o véu se levantará a seus olhos para que ele comece a compreender certas coisas (pergunta nº 18).

Deus nunca para de trabalhar: está sempre a renovar o mundo, criando matéria, mais galáxias, estrelas, planetas e espíritos. Não há vácuos no Universo. Há matéria por todas as partes. A Terra não é o único planeta habitado. Segundo Ramatís (ilustração à direita), espírito puro, autor de vários livros, quase todos ditados ao médium Hercílio Maes, no nosso sistema solar temos amigos, porém mais elevados, em Marte, Júpiter e Saturno! O que dizer dos demais sistemas solares de nossa galáxia e das demais e incontáveis (infinitas) galáxias?

Deus, repito, está sempre criando novos espíritos. Somos individualidades perfeitas na forma (somos esferas), porém praticamente destituídas de conteúdo. Ou seja, somos ignorantes! Bem lá no inconsciente, temos alguma ideia da diferença entre o bem e o mal, e, para viver e evoluir, recebemos o “livre-arbítrio”, um presente democrático que Deus nos dá.

Só isso posso dizer! Não adianta lançarmos questões como: Por que Deus faz os espíritos? Por que os faz ignorantes? Por que já não nos faz perfeitos? Por que temos que evoluir? Por que o plano de Deus para todos é a perfeição, ou seja, a angelitude? Estas são perguntas cujas respostas pertencem somente a Deus. Tentar respondê-las é nadar em círculos e não sair do lugar!


Grosso modo, há três ordens de espíritos, segundo Kardec:

1ª) Espíritos imperfeitos (encarnados, almas imperfeitas) - Neles, a matéria predomina sobre o espírito. São orgulhosos, egoístas, levianos, pseudo-sábios e têm propensão para o mal.

2ª) Espíritos bons (encarnados, almas boas) - Neles, o espírito predomina sobre a matéria. Almejam o bem por meio do conhecimento, da ciência e da bondade. Todavia, ainda não são perfeitos, ou seja, ainda erram e, portanto, contraem "carma". Isso significa que ainda têm que passar por provas e reencarnar até que atinjam a perfeição.

3ª) Espíritos puros / perfeitos (se encarnados, almas missionárias) - São moral e intelectualmente superiores e não sofrem as tentações da matéria. Como já se despojaram de todas as impurezas, não têm mais que sofrer provas nem expiações e, portanto, não precisam mais reencarnar. Podem, pois, realizar a vida eterna no reino de Deus, com tarefas de maior envergadura. Se reencarnam, fazem-no somente com objetivos superiores e recebem o nome de almas missionárias.

As chamadas almas gêmeas, feliz ou infelizmente, não existem. Trata-se de uma linda história popular baseada no conhecimento de que Deus concebe os espíritos de forma esférica. Segundo lenda antiga, que já levou ao túmulo milhares de jovens voluntariamente entregues à tuberculose, em sua busca frustrada pela “cara metade”, Deus, ao aplicar a forma esférica ao espírito, divide tal esfera em duas partes, atribuindo a uma um polo positivo, masculino, e à outra um polo negativo, feminino. Porém, se Deus realizasse tal divisão, os espíritos nunca seriam individualidades e, portanto, não teriam motivo para passar pelo ciclo de encarnações e reencarnações em busca de evolução. Ficariam estagnados no tempo e no espaço, na companhia de suas devidas caras metades, e para sempre ignorantes!

O que existe, minha gente, é afinidade entre almas. Espíritos afins (encarnados, almas afins) são individualidades que, ao longo dos séculos, vão se encontrando aqui e ali, nas mais diversas situações, e desenvolvendo afinidades mútuas. Toda vez que se reencontram, experimentam a sensação de já se conhecerem, e costumeiramente demonstram uma alegria quase que inexplicável. Parece um encantamento!

Observação: Há, igualmente, almas afins que alimentam sentimentos inferiores: ódio, inveja, antipatia, etc. Quando aqui se reconhecem, sentem uma repulsa que, para os mais inteligentes, lhes parece gratuita. Há, inclusive, quem se pergunte: "Por que não consigo gostar de tal pessoa?" Pois é, são inimizades oriundas de vidas passadas, e, para aqueles que querem evoluir, e que já se fazem a pergunta aqui demonstrada, vale a pena fazer uma forcinha para se aproximar da "tal pessoa", tentar ver o que ela tem de bom, e, quem sabe, começar a cultivar uma convivência saudável.


Mas voltemos às almas afins que cultivam bons sentimentos:

Se tal reencontro (o do encantamento) leva a um sentimento de "amor fraternal", no sentido mais lato da expressão, há duas possibilidades:

(a) O desenvolvimento de um sentimento de amor com atração física, que pode culminar com uma união conjugal, sejam as pessoas heterossexuais ou homossexuais.

(b) O desenvolvimento de uma grande amizade, baseada em admiração e respeito mútuos.


É importante que tal encantamento e suas duas possibilidades fiquem claros, pois há pessoas heterossexuais que, por medo ou preconceito, se distanciam daquelas que "reconhecem" simplesmente porque acham que está nascendo ali um amor homossexual - por parte de sua própria pessoa, por parte da outra pessoa, ou por ambas as partes! É uma pena que almas afins se distanciem devido a esse "achismo", pois grandes amizades, vindas já de outras vidas, podem aí ser interrompidas...  E, com isso, a(s) parte(s) que se distancia(m) adquire(m) "carma negativo", o que demandará futura ou futuras reencarnações.

Exemplos de almas afins que contraem "carma negativo":

1_ Professor e aluno simpáticos um ao outro. Em determinado momento, tendo o aluno plena confiança no professor, roga a este que lhe ensine (ou explique de outra maneira) determinada teoria. O professor, geralmente trabalhando em 3 ou 4 escolas diferentes para completar a renda necessária à sua sobrevivência, parece se esquecer que ali está um ser humano que pode evoluir se for bem orientado naquele momento, e responde friamente: "Procure outro professor, agora estou muito ocupado."

2_ Médico e paciente simpáticos um ao outro. Em determinado momento, tendo o paciente total confiança naquele profissional, roga a este que lhe trate de determinada doença (da especialidade do médico, é claro!). O bom médico tem família, horários e compromissos, mas, esquecido do voto que fez pela VIDA, retruca friamente: "Procure um colega meu. Há muitos e excelentes, posso até lhe indicar nomes. Mas eu, neste momento, não quero isso para mim."

3_ Ator consagrado e um fã. É uma tarde muito fria, a rua está quieta, e o ator passa pela porta do trabalho do fã, encolhido em seu cachecol, cigarro na boca e mãos nos bolsos. O fã sai à calçada, correndo e levando bloco e caneta: "Por favor, fulano, sou seu fã! Acompanho sua carreira, novelas, filmes, teatro... e ficaria muito honrado em ter um autógrafo seu. Pode ser?" Sem tirar as mãos dos bolsos, porém deixando um tanto de cinza do cigarro aceso cair ao chão, responde o astro: "Ai, meu bem, agora está muito frio para eu tirar as mãos dos bolsos!"


Os três exemplos acima falam por si só. Mesmo no ator, usualmente cercado de fãs e de pedidos semelhantes, não se explica tal frieza, inclusive porque não havia outros fãs naquele momento! E nos casos do professor e do médico, prefiro calar-me. O aluno pode se desinteressar completamente; e o paciente pode ser relapso com sua própria saúde. E tudo isso porque somos, acima de tudo, pessoas - umas mais, outras menos - sensíveis! E professor/aluno, médico/paciente e ator/fã passam, a partir deste momento, a contrair "carma negativo", que, se não consertado nesta vida, demandará outra reencarnação (ou outras) até que as almas voltem a se entender, colaborar mutuamente, e se amar fraternalmente. Afinal, não há almas gêmeas! O plano de Deus para todos nós é o da angelitude e do mais puro amor fraternal entre todos os seres de sua Criação.


Para concluir, um caso verídico ocorrido comigo, quando professora. Uma aluna muito simpática e interessada sempre me consultava sobre seus projetos acadêmicos e, vez por outra, pedia ajuda em determinadas questões da sintaxe da língua inglesa. Um dia, porém, a aluna me procurou e pediu que eu fosse ao banheiro com ela para ajudá-la. Adivinhem, caros leitores, qual era o problema de minha aluna: "prolapso hemorroidário" (em linguagem popular, as hemorróidas estavam para fora do ânus). A aluna disse que não conseguia colocá-las para dentro sozinha. Disse que quando isso acontecia em casa, a mãe a ajudava. Mas, daquela feita, acontecera na faculdade... E ela só confiava em mim para a tarefa! Nosso diálogo foi mais ou menos o seguinte, após a exposição do problema.

- Fulana, eu nunca fiz isso na minha vida!
- Mas eu ajudo, professora. A senhora entra no banheiro comigo, lava bem as mãos, e eu vou dizendo o que a senhora tem que fazer.
(Quase chorando, repliquei):
- Filha, acredito que este não seja um caso de eu lavar as mãos e seguir suas instruções. Precisamos de assepsia total e de acerto. Só um médico pode fazer isso. Ou sua mãe, como você diz, já que ela sabe...
- Está doendo muito, professora! (Soluçando) Aqui, nesta faculdade, eu só confio na senhora!
- Ai, filha, vamos ligar para a sua mãe. Eu falo para ela que vamos ao pronto-socorro aqui do lado. Eu vou com você! 

Felizmente, o pronto-socorro era parede com parede em relação ao prédio da faculdade. Liguei para a mãe da aluna (na época não havia celulares) e ela concordou que eu levasse a filha ao PS. Disse que iria buscar a filha de carro, mas que demoraria um pouco, pois morava em São Bernardo do Campo - e a faculdade ficava na região central de São Paulo!

Até hoje me pergunto: "Será que agi certo com essa aluna?"

Paz e luz a todos!


Importante: Para saber mais sobre simpatias e antipatias entre as almas (as pessoas encarnadas), recomendo a leitura da obra de Kardec aqui referida, em especial as perguntas e respostas números 291, 297, 298, 299, 300, 301, 302, 303, 386, 387, 388, 389, 390 e 391.

03 dezembro 2010

MEDICINA & UM PATO BRASILEIRO EM SEVILHA


Queridos leitores, fiquei muito contente com a receptividade que minha última postagem teve. Contente e, simultaneamente, triste, pois, ao que parece, HUMANIZAÇÃO DA MEDICINA. URGENTE é um apelo que, infelizmente, vem se tornando comum nos dias de hoje: dias da medicina do “high-tech” e do “no touch”; dias em que se trata a doença, não a pessoa; dias nos quais os profissionais, talvez fascinados com o “high-tech”, se esquecem de procedimentos simples como auscultar, palpar, tocar, conversar. E essas não são ideias apenas minhas, como paciente que já está perdendo a paciência, mas que estão nas páginas conclusivas no brilhante livro A VIDA POR UM FIO E POR INTEIRO (São Paulo: Atheneu Editora, 2010), do igualmente brilhante Prof. Dr. Elias Knobel, especialista em Clínica Médica e Cardiologia.

Sugestão de Leitura


No meu caso específico, relatado na postagem anterior, devo contar a vocês, leitores, que ainda não consegui o neurologista que reúna os quesitos que procuro: alguém que seja legal como pessoa, profissional competente e seguro, que atenda pelo meu plano de saúde e que tenha um consultório perto da minha residência, que, diga-se de passagem, fica em local privilegiado. Este último quesito pode parecer uma “frescura de menina mimada”, mas devo dizer em minha própria defesa: (1) Nunca fui mimada; em 90% da minha vida levei “nãos” na cara. (2) Não tenho carro e não tenho dinheiro para táxis. O transporte coletivo só é uma opção se for o metrô. Não tomo ônibus por problemas emocionais (Um dia ainda lhes conto sobre o acidente que sofri quando estava subindo num ônibus que fazia ponto na Estação Ana Rosa do Metrô!) e também porque hoje faço uso de uma bengala para caminhar nestas ruas e calçadas tão esburacadas e irregulares da cidade de São Paulo. A bengala me dá mais confiança, haja vista as sequelas de um atropelamento (Outra história para contar futuramente!).

Já encaminhei minha reclamação ao plano de saúde ...(tal)..., seguindo os devidos trâmites. Consegui, pelo menos, a concordância de uma funcionária sobre o meu ponto de vista: em unidade clínica onde há cardiologistas, deve haver neurologistas também, pois as duas áreas se articulam em grande parte dos casos. Assim, excluir a neurologia é uma medida “burra”, para dizer o mínimo! Espero que a funcionária tenha levado minha queixa a quem de direito e que, em breve, eu obtenha uma solução favorável ao meu caso.

Em tempo: Há quem diga que eu também precise de um cardiologista, mas o Dr. Elias Knobel, para a minha tristeza, não é credenciado pelo meu plano de saúde, ou, se é, não está arrolado entre os profissionais aos que o meu tipo de plano (o mais simples) dá direito. De qualquer maneira, nada me impede de admirar e respeitar o ser humano e o profissional que ele é.

*****

Urucubaca ou coisas do destino?! Pois eu lhes digo, leitores, que viver, no meu caso, não tem sido fácil. Não é à toa que uma sensitiva venezuelana cumprindo seu doutorado na Espanha, e que se tornou amiga minha por causa de nossa admiração pela soprano inglesa Sarah Brightman, afirmou que eu, três meses antes de nascer, chorei no útero materno e orei a Deus pedindo que me matasse, que não consentisse meu nascimento!!! Sou cristã, mas juro que nunca cuspi e/ou atirei pedras na cruz. Nunca!

Bem, mas hoje vamos a um tópico mais ameno. Minha ideia central era a de dissertar sobre “Almas Gêmeas” e “Almas Amigas”, mas não tenho me sentido muito bem nesses dias, e, com isso, preferi adiar tema tão lindo, porém de explicação complexa. Vamos, então, a uma história por mim presenciada – e de certa forma “nasalmente” vivida –, que me traz boas memórias dos “tempos das vacas gordas”. Afinal, hoje, em minha vida, a única vaca gorda que conheço é a minha própria pessoa, rsrsrs...

Passaporte em mãos e voemos para a Espanha. Sejamos turistas na companhia de...


UM PATO BRASILEIRO EM SEVILHA

Certa vez, durante uma de minhas muitas idas a Espanha para cumprir estudos na prestigiosa Universidade de Salamanca (fundada em 1218), aderi a uma excursão para revisitar Córdoba, Sevilha e Granada, cidades na região sul do dourado país ibérico. Era um final de semana prolongado no estorricante verão espanhol... E um certo pato brasileiro quis dar um mergulho em Sevilha. Não no rio Guadalquivir, que banha a cidade, mas num lago artificial. O motivo do mergulho não foi o extremo calor da cidade de traços mouriscos, mas...


A história (verdadeira):

Nosso grupo de excursionistas reunia estudantes e professores de diversas nacionalidades. No segundo dia em Sevilha, capital da região da Andaluzia, o guia turístico levou-nos aos “Reales Alcázares”, um conjunto de palácios e jardins construídos por muçulmanos conhecidos como mouros (oriundos do norte da África), que invadiram a Espanha em 711 e ali permaneceram até 1492, quando Fernando e Isabel, os chamados “Reis Católicos”, comandaram uma “guerra santa” que culminou na reconquista e reunificação do país. Granada, também na Andaluzia, foi a última cidade a ser reconquistada.

Herança artística dos mouros, os Reales Alcázares de Sevilha são, há séculos, utilizados pela Família Real Espanhola para veraneio. Aliás, antes que algum pensamento irônico seja dirigido ao Rei Juan Carlos e sua família, vale lembrar que a realeza espanhola não é dona deste ou daquele palácio. Os imóveis reais (palácios, terrenos, hotéis) pertencem ao Estado espanhol. Os membros da Família Real são todos funcionários públicos que realizam um trabalho diplomático e que recebem salário e pagam impostos.


Bem, voltemos à excursão: o guia, Alejandro, informou ao grupo que o complexo de palácios seria a última etapa da visita a Sevilha, após a qual todos embarcariam no ônibus com destino a Granada, onde um hotel nos aguardava. Portanto, atrasos não seriam tolerados.

Infelizmente (e vai aqui uma crítica à sociedade brasileira), muitos dos jovens nascidos no nosso Brasil carecem de patriotismo e de interesse à herança cultural e à preservação do patrimônio histórico. Como resultado, visitas de cunho cultural não costumam chamar a atenção desses jovens. Imaginemos, então, tal visita em um país estrangeiro!

Assim pensando, um dos membros da excursão, sentindo-se cansado (afinal, cultura cansa para quem não a quer), resolveu dispensar o passeio. Ficou sentado num dos belos jardins do local, usando os óculos de sol que comprara no dia anterior na filial sevilhana do “El Corte Inglés”, a maior loja de departamentos da Espanha. Gabava-se que pagara duzentos dólares americanos por um par de óculos de sol.


Acabada a visita, o grupo juntou-se a Edgar (o tal rapaz), no jardim onde ele ficara o tempo todo. Seguindo as orientações do guia, todos deveriam permanecer ali até que o ônibus fretado viesse nos buscar (era uma questão de poucos minutos).

Impaciente, nosso jovem resolveu divertir-se com os patos de um lago artificial localizado no mesmo jardim. Junto ao lago, começou a cuspir nos patos. Ria muito sempre que atingia a cabeça das aves ou, mais ainda, quando a cusparada caía perto das aves, e essas, ingênuas, dobravam-se para sorver a porcaria. Um dos seguranças locais aproximou-se e mandou-o parar. Chorando de tanto rir, Edgar colocou os óculos na cabeça e, apesar da repreensão do segurança, continuou sua sádica diversão. Até que... os óculos caíram na água, surpreendendo as aves. Todos nós rimos, e Edgar, muito irado, levantou-se e começou a gritar:

- Ei, ei, quem vai pegar os meus óculos? Patos ladrões!

O segurança aproximou-se, com um acentuado sorriso irônico nos lábios.

- ¡Quiero mis gafas!  ordenou o indignado brasileiro. (“Quero os meus óculos!”)

O segurança disse que nada podia fazer, pois o lago era artificial, escuro e tinha uns sete metros de profundidade.

Edgar, no entanto, querendo dar uma de corajoso, disse que, se ninguém o ajudasse, ele mesmo mergulharia no lago para reaver seus óculos. Afinal, gabava-se, era exímio nadador! O segurança deu de ombros e informou que o fundo do lago guardava toda a sorte de objetos: moedas, carteiras de dinheiro, jóias, etc. Ninguém conseguia reaver o que caía ali. Ademais, era anti-ecológico perturbar o sossego dos patos!

Indiferente, Edgar pulou no lago, de roupa e tudo. Foi pato para todos os lados!!!

Assustados, alguns dos bichinhos chegaram, inclusive, a voar para fora do lago! O segurança, pelo rádio, pediu reforço. Ordenou, nervoso, que a polícia fosse chamada. Todavia, após alguns segundos, o pobre Edgar voltou à tona, sujo e fedendo como um gambá. Exclamou:

- Que horror! Que sujeira! É muito fundo e escuro! Não dá!!!

Com cara de asco, nós, seus companheiros de excursão, nos aproximamos. O guia se desculpou com o segurança e ordenou que imediatamente corrêssemos para o ônibus, que acabara de estacionar na área externa.

- E o Edgar? Como é que ele vai?  perguntou Karen, uma garota americana.

- É, ele está todo molhado, sujo e fedido!  completou Hans, um colega alemão.


“Resumo da ópera”: como era imperativo que chegássemos a Granada ainda naquele dia, apertamo-nos no espaço entre o meio e a frente do ônibus e confinamos o rapaz lá atrás, na última fila, somente de cueca (na tentativa de que as roupas secassem).

Quando o ônibus chegou à perfumada cidade de Granada, os funcionários do hotel levaram um susto e logo trataram de conduzir o pato brasileiro ao seu quarto. Um bom banho fazia-se necessário, fosse de chuveiro ou numa banheira. Uma camareira, tapando o nariz, acompanhou o pato ao quarto, levando vários sabonetes, sachês de xampu e toalhas. Pobre Granada!


CURIOSIDADE: Os mouros tomaram Granada no século VIII e ali construíram jardins, fontes e palácios suntuosos, com desenhos geométricos e inscrições sobre Alá. Conta-se que Boabdil, governador de Granada, chorou muito ao entregar a chave da cidade aos reis Fernando e Isabel, quando estes reconquistaram o local em 1492. Boabdil chorava por ter que abandonar a beleza granadina, e foi repreendido por sua própria mãe, que lhe disse:

- Não chora como criança por aquilo que não soubeste defender como homem!

Com referência ao ocorrido, bem que o fantasma da senhora moura poderia ter aparecido ao pato brasileiro e dito de forma tenebrosa:

- Rapaaaaaaz, não há nada pioooooor do que um homem com comportamento de criançaaaaaaaaa!

25 novembro 2010

HUMANIZAÇÃO DA MEDICINA.URGENTE.





Na postagem passada – PRECISO GRITAR –, compartilhei com vocês, meus queridos leitores, a dor de cabeça estrondosa que me consumia intermitentemente desde 29 de outubro. Contei, também, que um médico me receitara um medicamento controlado, no qual eu colocava toda a minha fé. E quando consegui a “grana” para ir à drogaria, comprá-lo e tomá-lo, ufa! que alívio!!! Foi incrível a sensação de não mais ter a dor! De tanta alegria, cheguei a duvidar e, para dissipar quaisquer dúvidas, dei murros na cabeça, chacoalhei-a vigorosamente, e nada. Nenhuma dor. Ebaaaaaaaaaaaaa! Livre, livre, livre!

Porém, o médico que prescreveu a maravilha deixou claro:

- Trata-se de um paliativo. Você deve procurar um neurologista para investigar as causas e tratá-las. Ademais, você tem casos de tumores cerebrais na sua família...

Pois agora não sei o que é pior: a dor de cabeça, o fantasma do tumor cerebral, ou achar um neurologista, principalmente um que seja, acima de tudo, humano.


Primeira tentativa (unidades clínicas do plano de saúde):

Minha busca começou com o plano de saúde, que mantém três clínicas com várias especialidades na cidade de São Paulo. Ao contatar aquela perto do meu endereço residencial, ouvi o seguinte:

- Esta especialidade não existe mais aqui, nem nas duas outras unidades. Na verdade, há uma com a especialidade, mas só atende pessoas que operaram a coluna. Ah, mas o médico que atendia aqui deixou o telefone do novo consultório dele. Interessa?


Segunda tentativa (telefone que me foi oferecido):

A secretária que atendeu perguntou:

- É particular ou convênio?
- Convênio.
- Qual o plano de saúde?

Falei qual era e ela disse que o médico atendia tal plano. Pediu-me que esperasse um pouco, pois ia ver a agenda do profissional. E me deixou pendurada no telefone. Às vezes, voltava, e, ao identificar que era eu do outro lado da linha, pedia mais um momento. Mais de 30 minutos se passaram e... nada. Desliguei, pô!


Terceira tentativa (escolhi um hospital do convênio e liguei para pedir ajuda):

- Aqui nós só operamos e, mesmo assim, não operamos cabeça. Esse tipo de cirurgia passou para o hospital ...(tal e tal)... do plano. Mas já vou avisando: eles só vão atender a senhora lá se for para operar!
- Eu entendo, moça! Sei que tenho que passar por um neurologista clínico. Aliás, espero não ter que operar!
- Mas a senhora será muito bem-vinda se precisar, viu?! Posso lhe assegurar!
- Obrigada, mas uma operação não está nos meus planos.
- Está sim, o plano cobre!
- Você não entendeu... (Contei até 10) Eu disse que espero não ter que operar!
- Ah, é... E eu não sei como ajudar a senhora a achar um neurologista clínico...


Quarta tentativa (um consultório arrolado no “site” da empresa de saúde):

- A senhora já tem todos os exames em mãos?
- Não, pois primeiro preciso passar pelo neurologista clínico. Acredito que, ao ouvir minha história, ele me dirá quais exames devo fazer.
- Pois é, mas o doutor é ocupado e não tem tempo para escutar historinhas dos pacientes. Tudo é rápido, é cronometrado. Por isso é que ele só atende se o paciente trouxer os exames!


Quinta tentativa (outro consultório arrolado no “site” da empresa de saúde):

- Claro, o doutor atende! A consulta custa ...(tantos)... reais.
- Desculpe-me, mas acho que não me fiz entender ou você não ouviu direito. Eu tenho um plano de saúde, é o plano ...(tal)...
- Mas ele não atende mais esse plano!
- E o que faz o nome dele no “site” do plano?
- Acho que esqueceram de atualizar.
- Bom, infelizmente não poderei me consultar com ele. É uma pena! Li o próprio “site” do médico e tive a melhor impressão dele, inclusive sobre a abordagem holística no tratamento dos pacientes.
- Ah, mas são só ...(tantos)... reais!
- Não tenho!
- Faz uma forcinha! É só ter boa vontade!
- Boa vontade, filha? Pois dia desses, para ir a um médico, um que me receitou um paliativo, precisei virar a carteira do meu marido pelo avesso, para encontrar 30 centavos e inteirar o dinheiro para duas passagens de metrô, ida e volta.
- Ah, carteira de marido é tudo de bom!
- Não tanto. A do meu tinha 10 reais e umas moedinhas.
- E a senhora conseguiu os 30 centavos?
- Felizmente.
- Quanto custa o metrô?
- R$ 2,65, valor unitário. Duas passagens, R$ 5,30.
- Então a senhora tinha 5 reais, pelo menos!
- Claro!
- E qual o remédio paliativo que indicaram para a senhora?
- Desculpe, moça, mas o Dr. ...(tal)... vai me atender ou não?
- Como eu já disse, ele não atende o seu plano. E plano nenhum. Ele é um médico muito conceituado e não precisa de pacientes de planos de saúde.



Bom, leitor, meu impasse sobre achar “o neurologista bom e humano que aceite o meu plano de saúde” continua... E espero que não se transforme numa dor de cabeça! Triste com toda a situação, peço licença para inserir e compartilhar com todos um texto magnífico que recebi de uma amiga, a Padinha. Não tenham preguiça! Leiam o texto, tão verdadeiro e sensível, de autoria de uma médica, e que está rolando na Internet desde 2007 ou 2008. Acompanhem e comentem, por favor!



ONDE ANDARÁ O MEU DOUTOR? (*)

Hoje acordei sentindo uma dorzinha. Aquela dor sem explicação, e uma palpitação.

Resolvi procurar um doutor, e fui divagando pelo caminho...

Lembrei daquele médico que me atendia vestido de branco e que para mim tinha um pouco de pai, de amigo e de anjo... O Meu Doutor que curava a minha dor, não apenas a do meu corpo, mas a da minha alma. Que me transmitia paz e calma!

Chegando à recepção do consultório, fui atendida com uma pergunta:

- Qual o seu plano?

- O meu plano?

Ah, o meu plano é viver mais e feliz! É dar sorrisos, aquecer os que sentem frio e preencher esse vazio que sinto agora! Mas a resposta teria que ser outra.
O “meu plano de saúde”...

Apresentei o documento do dito-cujo, já meio suado,
tanto quanto o meu bolso, e aguardei.

Entrei e o olhei, me surpreendi... Rosto trancado, triste e cansado. Será que ele estava adoentado? Quem sabe, talvez, gripado. Não tinha uma expressão alegre,
provavelmente devido à febre.

Dei um sorriso meio de lado e um bom dia. Olhei o ambiente bem decorado. Sobre a mesa, à sua frente, um computador, e no seu semblante, a sua dor.
O que fizeram com o Doutor?

Quando ouvi a sua voz, de repente:

- O que a senhora sente?

Como eu gostaria de saber o que ELE estava sentindo,
pois parecia mais doente do que eu, a paciente...

- Eu? Ah! Sinto uma dorzinha na barriga e uma palpitação.

Esperei a sua reação. Pensei: vai me examinar,
escutar a minha voz, auscultar o meu coração...

Para minha surpresa, apenas me entregou uma requisição e disse:

- Peça autorização desses exames para conseguir a realização...

Quando li quase morri. “Tomografia Computadorizada”, “Ressonância Magnética” e “Cintilografia”! Ai, meu Deus! Que agonia! Eu só conhecia uma tal de "abreugrafia". Só sabia o que era "ressonar" (dormir), de "magnético" eu conhecia um olhar... E "cintilar", só o das estrelas! Estaria eu à beira da morte? De ir para o céu? Iria morrer assim ao léu?

Naquele instante timidamente pensei em falar: Terá o senhor uma amostra grátis de calor humano para aquecer esse meu frio? Que fazer com essa sensação de vazio? Observe, Doutor, o tal "Pai da Medicina", o grego Hipócrates, acreditava que
"A ARTE DA MEDICINA ESTAVA EM OBSERVAR".
Olhe para mim... É bem verdade que o juramento dele está ultrapassado! Médico não é sacerdote. Tem família e todos os problemas inerentes ao ser humano.

Mas, por favor, me olhe, ouça a minha história! Preciso que o senhor me escute, ausculte e examine! Estou sentindo falta de dizer até "aquele 33"! Não me abandone assim de uma vez! Procure os sinais da minha doença e cultive a minha esperança! Alimente a minha mente e o meu coração, me dê, ao menos, uma explicação!

O senhor não se informou se eu ando descalça... ando sim! Gosto de pisar na areia e seguir em frente, deixando as minhas pegadas pelas estradas da vida! Estarei errada? Ou estarei com o verme do amarelão? Haverá umas gotinhas de solução? Será que já existe vacina contra o tédio? Ou não terá remédio?

Que falta o senhor me faz, meu antigo Doutor!

Cadê o Scoot, aquele da Emulsão? Que tinha um gosto horrível mas me deixava forte que nem um "Sansão"! E o Elixir? Paregórico e categórico, e o chazinho de cidreira, que me deixava a sorrir sem tonteiras?

Será que pensei asneiras?

Ah! meu querido e adoentado Doutor, sinto saudades dos seus ouvidos para me escutar, das suas mãos para me examinar, do seu olhar compreensivo e amigo... Do seu pensar...

O seu sorriso que aliviava a minha dor, que me dava forças para lutar contra a doença, e que estimulava a minha saúde e a minha crença...

Sairei daqui para um ataúde?

Preciso viver e ter saúde! Por favor, me ajude! Oh! meu Deus, cuide do meu médico e de mim, caso contrário chegaremos ao fim...

Porque da consulta só restou uma requisição digitada em um computador, e o olhar vago e cansado do Doutor!

Precisamos urgente dos nossos médicos amigos, a medicina agoniza.

Por favor, tragam de volta o meu Doutor!

Estamos todos doentes e sentindo dor...

Ouço até os seus gemidos.

Peço, para o ser humano, uma receita de "calor",
e para o exercício da medicina uma prescrição de "amor"!

ONDE ANDARÁ O MEU DOUTOR?


(*) Tatiana Bruscky, médica em Recife (PE), é a inspirada e sensível autora do texto "ONDE ANDARÁ O MEU DOUTOR?" Ela é tão-somente a autora do texto. Quanto às críticas logo no início da postagem, bem como a história das cinco tentativas frustradas para marcar uma consulta, sou eu, Monica Derito, a inteira responsável pelos relatos e pelos pontos de vista.