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08 maio 2011

MÃE, MÃES...

Amados e Amadas:

Os que acompanham este Blog desde o início, ou seja, desde 20 de outubro de 2010, talvez se lembrem de minha primeira postagem, intitulada PARA A MIRNA. Aliás, querendo ler tal postagem, basta usar o caminho à esquerda e ir clicando até chegar lá:

Arquivo do blog > 2010 > outubro > PARA A MIRNA

Aqueles que têm paciência, que leem meus textos, e que, inclusive, e usando a barra de rolagem, são curiosos para visualizar todos os elementos fixos do Blog, certamente encontram, na parte inferior de cada página, a dedicatória do espaço: Mirna Leandro de Castro (30/11/1951 - 05/08/2001), ser humano meigo, porém sem medo de briga. Era competente jornalista, batalhadora pelos direitos dos cidadãos, ecologista, porta-voz dos injustiçados. Era minha prima. Era mulher, filha, irmã, esposa e... mãe. Mãe do Leandro, hoje um lindo e aplicado universitário.

Tomei emprestada a foto abaixo da primeira página do Jornal do Cambuci & Aclimação (edição de 10 a 16/08/2001), fundado pela Mirna, e que segue seu trabalho, sempre transparente e comprometido com a cidadania, devido à persistência do viúvo, do filho, do pai, e de uma equipe de primeira. Na foto, Mirna posa ao lado do filho, ainda na fase da chupeta. Porém, devo, à guisa da verdade, comentar que Leandro já era um rapazinho de 11 anos de idade quando a mãe desencarnou, ou seja, ele não mais usava a chupeta!





Pois é, esta capa foi, simultaneamente, e até hoje, a mais linda e a mais triste do jornal, pois que dava conta da partida de um anjo. Como um barco que desaparece no horizonte, Mirna recebeu um "Adeus!" ou um "Até Breve!" daqueles que ficaram deste lado. Todavia, o barco que desapareceu do nosso horizonte apareceu no horizonte do Céu, e lá seus habitantes, imbuídos de indescritível júbilo, gritaram: "Seja bem-vinda ao teu verdadeiro lar, Mirna!"

Achei por bem publicar esta foto da Mirna com o filho neste "Dia das Mães". Não só porque, em breve, o calendário apontará 10 anos de sua partida, mas porque ela era mãe. E porque continua sendo mãe, acompanhando seu filho, além de demais familiares e amigos.

Geralmente vejo o paizinho de Mirna, meu tio Edgard, no Centro Espírita que frequentamos na Vila Mariana. Meu tio já recebeu diversas mensagens de Mirna por intermédio dos médiuns do Centro. Ela está bem. Desprendida das coisas materiais, e sabedora de que a morte não põe um ponto final nas relações afetivas, aceitou habitar o Mundo Espiritual. E provavelmente abraçou sua própria mãezinha quando esta desencarnou em 1º de maio de 2008. Posso até ouvi-la falar:


- E aí, mãe, beleza? Tudo em cima?

Sim, mas enquanto tinha vida, tinha esperança, e batalhou com todas as armas que pôde, contando com o profissionalismo e o carinho do Hospital Sírio-Libanês. Batalhou em nome do filho, do marido, dos pais, da irmã, de todos os familiares, dos amigos e da comunidade que representava com garras de uma mãe leoa a defender sua prole. Mas o tumor cerebral venceu e Mirna partiu.

Ainda está em cartaz o filme "As Mães de Chico Xavier", que descreve a dor de mães que perderam seus filhos, e sua busca por notícias e conforto. O roteiro parte de uma afirmação muito comum: um bom filho sofre quando perde sua mãe, mas uma mãe sofre muito mais quando perde um filho, mesmo que este tenha escolhido trilhar os caminhos do crime e da ilegalidade. Mãe é mãe!


Sem grana para o cinema, ainda não vi o filme, mas presto atenção no "trailer" que vai ao ar pela televisão. Parece-me que o Chico (interpretado pelo ator Nelson Xavier) recebe a mensagem de um espírito, filho de uma dessas mães, na qual está escrito que "saudade é uma dor que fere nos dois mundos". Quanta verdade nesta frase!!! Mesmo para nós, espíritas, que temos mais compreensão e aceitação dos desígnios de Deus quanto à "morte", a saudade dói... e muito!

Dia desses, uma colega de Centro, a Maria Antonieta, entregou a mim e a algumas colegas - todas tendo em comum a perda de um filho - cópias da mensagem que peço licença para publicar abaixo. Ela já recebera a mensagem em forma de cópia, assim que não conheço a procedência. Mas a beleza e a verdade do texto são inegáveis. A Mirna, por exemplo, poderia tê-la ditado a um médium!


Pense em mim


Se você me ama, não chore.
Se você conhecesse o mistério insondável do
céu onde me encontro...
Se você pudesse ver e sentir o que eu vejo e
sinto nesses horizontes sem fim

e nesta luz que tudo alcança e penetra,
você jamais choraria por mim.
Estou agora absorvido pelo encanto de Deus,
pelas suas expressões de infinita beleza.
Em confronto com esta nova vida, as coisas do
tempo passado são pequenas e insignificantes.
Conservo ainda todo o meu afeto por você e
uma ternura que jamais lhe pude, em
verdade, revelar.
Amamo-nos ternamente em vida, mas tudo
era então muito fugaz e limitado.
Vivo na serena expectativa de sua chegada,
um dia... entre nós.
Pense em mim assim: nas suas lutas pense
nesta maravilhosa morada, onde não existe
a morte e onde, juntos, viveremos no enlevo
mais puro e mais intenso,
junto à fonte inesgotável da alegria e do amor.
Se você verdadeiramente me ama,
não chore mais por mim.

“ E U   E S T O U   E M   P A Z .”



Pois é, neste 8 de maio, “Dia das Mães”, gostaria de ter ido ver minha mãe, que, graças a Deus, ainda está encarnada. O que mais recebi foi incentivo dos amigos para viajar os 80 km entre São Paulo (onde moro) e Santos (onde ela mora). Recebi até oferta de carona, da amiga Alessandra Guimarães Chiarelli (uma brilhante ex-aluna), para poder ver minha mãe neste dia!


Renato, meu marido, ficaria em São Paulo, pois, felizmente, recebeu uma tradução enorme para fazer. Mas ele nunca me impediria de viajar, como nunca me impediu nesses anos todos em que estamos juntos, anos em que viajei bastante e por muito tempo. O Renato não é apenas meu marido, mas é, principalmente, companheiro, amante, amigo, e 100% atenção no que se refere a mim – e há muitas outras qualidades neste bom homem! Porém, simplificando tudo, a felicidade, para o Renato, consiste em me ver feliz.

Aqueles que acompanham nossa vida conjunta e/ou as postagens neste Blog conseguem ter uma ideia do afeto que nos une, bem como da cumplicidade que temos em todos os momentos. Tais pessoas sabem, também, que a vida não nos tem sido fácil ultimamente. Graças a Deus, estamos mais unidos do que nunca, prova de que não é necessário trocar esse tipo de juramento perante uma autoridade eclesiástica: “Na saúde e na doença, na alegria e na tristeza, na riqueza e na pobreza.”

Renato e eu já não podemos ir a vários lugares porque, simplesmente, o dinheiro é contado. Se desrespeitarmos o planejamento, vamos ficar descobertos, e aí tudo será pior. Renato é professor de inglês autônomo e tem seus clientes. E, quando aparece uma tradução para fazer, algo cujo assunto, prazo e condições sejam razoáveis, ele aceita. O que ele não quer é aceitar qualquer coisa somente pelo dinheiro, apesar de tanto precisarmos deste. Contudo, se não houver condições e prazos para que ele produza um bom trabalho, ele o recusa. E eu aprovo totalmente esta sua atitude!

Enfim, mas eu gostaria, repito, de ter podido ver minha mãe no dia de hoje. Porém, não aceitei a carona da Alessandra por orgulho, mas por uma série de circunstâncias que expliquei a ela em particular. Houve, numa dessas redes sociais, uma imensa campanha (68 posts em pouquíssimos minutos!!!) para que eu fosse ver minha mãe. Além da Alessandra Guimarães Chiarelli, um amigo e muitas amigas insistiram, e faço questão de arrolar seus nomes, pois lhes sou e serei eternamente grata: Aelita Kusmenkovsky; Alessandra Schiavelli; Alysson Guariento; Aninha Contim; Carla Dutra; Claudia Reali; Cristiane Rodrigues; Daniela Medeiros; Eliana Fogazza; Juliana Brandão; June Camargo; Luana Moreno; Lucy Vitale; e Sueli Rocha.

Não aceitei a carona por circunstâncias bem particulares, que a Alê respeitou, apesar de continuar dizendo que estava, está e sempre estará à disposição. Aconselha a sensatez, no entanto, que eu não torne públicas as tais circunstâncias particulares. Assim, vou apenas registrar aquela que diz respeito única e exclusivamente a mim: não quero que minha mãe veja o meu semblante, pois não conseguirei disfarçar o quão decepcionada me encontro com a minha própria pessoa. Fracassei.


Perdi a garra que tinha, perdi a coragem. Transformei-me numa verdadeira manteiga derretida e choro muito. Meu sorriso já não sai com tanta facilidade como antigamente. E hoje levo uma vida bem limitada. Primeiramente vieram os problemas emocionais ainda advindos "daquela" demissão... Hoje, somam-se problemas físicos variados que fazem de mim figurinha fácil em consultórios médicos, hospitais (setor de Radiologia), centros de medicina diagnóstica, etc. E o monte de remédios que tomo diariamente? Ainda bem que existem os programas "Farmácia Popular" e "Dose Certa", respectivamente do governo federal e do governo estadual.

E lá vou eu: carequinha, apoiando-me numa bengala, e tartarugando. Se o dia está ensolarado, e estamos naquelas horas em que o sol pode prejudicar a pele, uso um boné (tenho 8, o que significa que posso variar) e coloco bloqueador solar "fator 1000" (rsrsrs...) na pele!

Minha mãe, como faz todos os domingos, liga para mim e colocamos os assuntos em dia. Ela ia ligar hoje também. Mas o Renato teve uma ideia, que acatei com alegria:

- A surpresa vai ser se você ligar. Por que você não liga para a sua mãe?

Foi o que fiz e ela ficou surpresa! Senti em sua voz! E pude agradecer por ela ter me querido, por ter me dado a vida, por ter me alfabetizado, por ter me passado valores morais, por não ter me jogado de uma janela... Ela riu nesse momento, quando falei da janela.

É, minha gente, o negócio é brincar!