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31 julho 2011

JUSTIÇA E AMOR




Amados & Amadas:

Quero compartilhar com vocês uma das muitas coisas que li durante este mês de julho. Tenham religião ou não, acreditem em Deus ou não, sejam cristãos ou não, rogo que leiam este apontamento com o coração e que meditem nas situações e nas palavras.

Boa leitura!

Beijos.




Sempre que te reportes à justiça, repara que Deus a fez assistida pelo amor, a fim de que os caídos não sejam aniquilados.

Terás contigo a lógica indicando-te os males e o entendimento inspirando-te o necessário socorro aos que lhes sofrem o assédio.

Onde passes, compadece-te dos vencidos que contemples à margem...

Muitos pranteiam as ilusões que lhes trouxeram arrependimento e remorso, e muitos se levantam ainda sobre os próprios enganos, à maneira de trapezistas inconscientes, ensaiando o último salto ao precipício da morte.

Dir-te-ão alguns não precisarem de teu consolo, fugindo-te à presença, com receio da verdade que te brilha na boca, e outros, que desceram do poder renovador do trabalho, preferem rolar no vício, descendo, mais cedo, os degraus do sepulcro.

Além deles, porém, surgem outros... Os que desanimaram em plena luta, recolhendo-se ao frio da retaguarda, os que enlouqueceram de sofrimento, os que perderam a fé por falta de vigilância, os que se transviaram à míngua de reconforto e os que se abeiraram do suicídio, tomados pelo superlativo do desespero...

Tentando dar-lhes remédio, ergue o mundo penitenciárias e hospitais, reformatórios e manicômios; no entanto, para ajudá-los, confere-te o Cristo a flama do amor no santuário do coração.

Todos esses padecentes da estrada têm algo para ensinar.

Os que tombam esmagados de aflição induzem-te ao serviço pelo mundo melhor, e os que se arrojam a monstruosos delitos falam, sem palavras, em louvor do equilíbrio de que dispões, auxiliando-te a preservá-lo.

Não permitas que a justiça de tua alma caminhe sem amor, para que se não converta em garra de vio­lência.

Ao pé dos maiores celerados da Terra, Deus colocou mães que amam, embora esses filhos desditosos de suas bênçãos lhes transformem a vida em fonte de lágrimas.

Diante, pois, dos vencidos de todas as condições e de todas as procedências, não mostres desprezo, nem grites anátema.

Não lhes conheces a história desde o princípio e não percebes, agora, a causa invisível da dor que os degrada.

Ora e auxilia em silêncio, porque não sabes se amanhã raiará teu instante de abatimento e de angústia, e manda a regra divina façamos aos outros aquilo que desejamos nos seja feito.

Justiça sem amor é como terra sem água.

Recorda que o próprio Cristo, reconhecendo que os vencedores do mundo habitualmente se inclinam à vaidade -
 perigosa armadilha para quedas maiores -, preferiu nascer na palha dos que vagueiam sem rumo, viver na dificuldade dos menos felizes, e morrer na cruz reservada às vítimas do crime e aos filhos da escravidão.






Fonte:

Xavier, Chico (médium); Emmanuel (espírito). Religião dos Espíritos. 21. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2008. 376 p.

30 junho 2011

DE CORAÇÃO ABERTO



Amados & Amadas:



Foto recente
Saudades de vocês! Saudades de usar este espaço!

Peço desculpas aos que me acompanham: desculpas pelo silêncio, pela lentidão, pelos “feedbacks” prometidos mas ainda não postados... Perdão!

Só vocês, meus leitores, com seu imenso coração, são capazes de imaginar que os dias não têm sido fáceis.

Junho costumava ser um mês feliz para mim, até porque é o mês do meu aniversário (dia 8), e, diferente de muita gente que não aprecia aniversários, por receio do avanço da idade, eu adoro aniversariar, pois entendo a passagem dos anos como uma contagem regressiva que aproxima o meu espírito da liberdade da carne. Acredito sinceramente na seguinte máxima:

“Não somos seres humanos passando
por uma experiência espiritual.
Somos, sim, seres espirituais
passando por uma experiência humana.”


Porém, de uns anos para cá, o mês de junho também traz consigo experiências amargas. Arrolo as principais:

(1) A primeira, que marcou uma “quebra” no meu caminho, foi a demissão injusta da faculdade à qual dediquei 27 anos e 4 meses de minha vida. Não vou aqui relembrar os bastidores dessa demissão, pois este não é o meu objetivo. Limito-me a resumir os fatos: fui mandada embora devido ao ódio que uma certa pessoa tinha de mim. Tal pessoa não se conformava por eu ser querida quase que de forma unânime.

Aliás, a unanimidade não existe na esfera dos sentimentos. Lembremo-nos da passagem de Jesus, um Espírito Puro, pela Terra: havia os que O amavam (muitos, muitos, muitos) e havia aqueles que O odiavam (muitos, mas nem tantos assim), justamente pela insegurança que sentiam diante de alguém simples, sábio e querido.

Não estou me comparando a Jesus Cristo, por favor! Uso, porém, a imagem do nosso Irmão Maior apenas para ilustrar a inexistência de unanimidade quanto aos sentimentos...

(2) Minha mãe, a quem tanto amo, quase desencarnou no ano passado, no dia do meu aniversário.

(3) Também no ano passado, porém no “Dia de São João” (24 de junho), passei por uma experiência traumática em uma drogaria, onde fui assaltada por um cliente que levou a sacola de compras que eu portava: brinquedos novos e relativamente caros, que eu doaria ao GRAACC – Grupo de Apoio ao Adolescente e à Criança com Câncer. Saí correndo atrás do ladrão, mas perdi o rastro dele na Avenida Paulista, que, naquela noite, estava cheia de gente vendendo e comprando as tais de “vuvuzelas” (aquelas cornetas absurdamente barulhentas que marcaram a Copa do Mundo realizada na África do Sul).

(4) Agora, em junho de 2011, estive várias vezes no Pronto-Socorro. Apesar de estar passando por tratamentos médicos, tive uns dias bem difíceis no mês que hoje termina.


Porém, nem tudo é tristeza:
há, também, muita alegria, graças a Deus!

Não há como esquecer os fatos, até porque aconteceram mesmo! Porém, agradeço a Deus por eu somente cultivar sentimentos bons no meu coração. A pessoa que me colocou na lista de demissões e o ladrão da drogaria estão, há muito tempo, devidamente perdoados no meu coração. Em verdade, nunca lhes tive ódio, mas também não posso ocultar que me inspiram pena, principalmente a primeira pessoa, dona de muita soberba e dos chamados títulos que não têm qualquer valor no Mundo Espiritual. O ladrão, por sua vez, não passava de um pobre diabo!

Chorei na frente da pessoa que me odiava na faculdade. Todavia, não tenho vergonha de ter chorado. Afinal, naquele momento, não chorei por perder o emprego que eu tanto amava, mas chorei pela ideia que me veio à cabeça: cuspir na tal pessoa, que, aliás, exalava um fortíssimo cheiro de enxofre – o isso mexeu com o meu estômago, enchendo-o de asco.

Ok, mas essas pessoas estão no passado e peço para elas a misericórdia de Deus. Sinceramente.

O gostoso neste meu 49º aniversário não foi a festa, pois esta nem aconteceu. Também não foi minha ida a uma livraria, pois nada comprei. Contudo, recebi uma verdadeira imensidão de parabéns e votos para que eu recupere a saúde e atinja meus objetivos. Não fiquei vaidosa, mas senti que estou no caminho certo, buscando o meu aprimoramento como criatura de Deus. Foram e-mails, telefonemas, torpedos, recados no Orkut e incontáveis mensagens no FaceBook. Sou e serei eternamente grata a todos que caminham ao meu lado. O que torna essas pessoas tão especiais é o amor universal que cultivam em seus corações.

Assim, reflitamos...



Solidariedade, bondade, caridade, piedade. Quatro palavras mágicas. Sinônimas? Definitivamente não. Basta dar uma olhada no dicionário e veremos que cada uma carrega o seu próprio significado. São, no entanto, irmãs, todas elas filhas do amor. Não do amor-próprio ou do amor egoísta ou do amor direcionado (adoração, paixão, atração física, atração sexual – entre pessoas de sexos opostos ou do mesmo sexo –, amor pelos pais, pelos filhos, por familiares, etc).

Falo aqui do amor universal, em sentido lato, amplo. É aquele amor que foi ensinado por todos os profetas e que existe nos corações voltados ao bem. E estes não são corações de espíritos perfeitos, pois tais espíritos, justamente por seu estado de perfeição, não reencarnam mais; trabalham ao lado de Jesus e estão num grau de evolução que a linguagem humana não consegue descrever!

Refiro-me, sim, a uma terça parte da chamada humanidade terrestre. Esta é a porção dos seres humanos que sabem a real diferença entre o bem e o mal, e que optaram pelo bem. São pessoas comuns que procuram acertar e ajudar, mas que ainda erram e atrapalham muitas vezes, e, no entanto, têm humildade, autocrítica e atitude para perceberem seus erros e pedirem perdão aos magoados. Tentam consertar o mal sempre que possível e se submetem a um “auto policiamento” para não voltar a cometer os mesmos erros. Estas pessoas, em contínua elevação moral, são as que, a despeito das outras manifestações de amor, praticam o verdadeiro amor universal, ou seja, o amor fraternal. Graças a Deus, inúmeras são estas pessoas em minha vida!

Há, no entanto, momentos nos quais experimentamos a solidão. São momentos nos quais temos que refletir para fazer a escolha certa: prosseguir, apesar dos espinhos, ou parar completamente e ficar estacionários!

A águia é um bom exemplo! Quando está na metade de sua vida, tem duas opções: pára e morre de hemorragia e asfixia, posto que seu bico se verga de forma côncava, ou escolhe um abrigo e nele passa bom tempo desgastando grande parte do seu bico nas rochas. Ao escolher o abrigo, a águia aparentemente ficou estacionária, mas, em verdade, usa o período para o necessário desgaste do bico, preparando-se, assim, para viver a outra metade de sua vida.

Deus, em Sua infinita misericórdia, justiça e bondade, reserva a todos nós o mesmo “alvo”, ou seja, a condição de Espíritos Puros. Todos chegaremos a essa condição, porém cada um em seu próprio ritmo, conforme o seu livre-arbítrio, após nos depurarmos devidamente. Portanto, estacionar completamente não é uma boa escolha. Por outro lado, também não é a pior escolha, pois (1) não há retrocesso espiritual; e (2) Deus nos concede tantas reencarnações quantas necessárias para que nos depuremos.

Entretanto, parar completamente é como ser um barco cujas atividades são interrompidas, ficando este atracado e para sempre esquecido no porto. Pois bem, lá está o barco, em pleno porto seguro, mas... o barco existe para este propósito? Para ficar para sempre atracado na segurança do porto? Acredito que não. Acredito que continuar singrando os mares, ligando outros portos, e até outras nações, seja o seu propósito! E não importa aqui se para transportar pessoas e/ou carga! O barco deve seguir o propósito para o qual foi construído.

Olhando “para o meu próprio umbigo”, honestamente não sei exatamente onde estou... Mas espero que, como a águia, eu tenha feito a melhor escolha. Acredito (e espero!) que a necessidade de dar atenção à minha saúde física, bem como a felicidade com a qual encaro meus estudos, sejam como as rochas nas quais desgasto o meu bico, preparando-me para uma outra fase da minha vida.

Graças a Deus, tenho o apoio especial do meu esposo e dos nossos au-auzinhos. Mas também sinto a dor da solidão, pois muita gente se afastou de mim, especialmente familiares e amigos mais próximos: uns, por medo de que sejam as próximas vítimas da pessoa que me demitiu; outras, as que perceberam que não tenho mais dinheiro, talvez receiem que eu lhes peça dinheiro ou teto... Não sei!

Tenho, porém, a consciência tranquila. Quando pude, ajudei, e muito! Inclusive contraí dívidas com bancos, na forma de empréstimos, para ajudar. E muita gente também teve o almoço diário graças a mim (alunos e funcionários da faculdade). E comprei livros e dicionários a muitos alunos que não tinham verba para isso.  Pois é, mas que ninguém pense que, ao contar estes fatos, eu esteja em busca de recompensas e/ou agradecimentos. Não. Conto apenas estes fatos para que todos saibam que tenho a consciência realmente tranquila.

Honestamente, estou fazendo o que posso. Mas não sei se o que posso é suficiente. Cabem aqui as palavras da “Oração da Sabedoria”, que sempre faço, porém com minhas próprias palavras, nos meus diálogos com Deus: serenidade para que eu aceite as coisas que não posso modificar; coragem para modificar aquelas que posso; e sabedoria para distinguir umas das outras.

Hoje, além da falta de dinheiro, estou, como vocês sabem, às voltas com médicos, exames, centros de medicina diagnóstica, remédios (são mais de 15 por dia, todos devidamente prescritos!!!) e a busca por gratuidades, pois o dinheiro acabou mesmo! Mas tenho coisas e pessoas pelas quais sempre agradeço:

- Agradeço a Deus pelos programas “Farmácia Popular” (da Dilma) e “Dose Certa” (do Alckmin).

- Agradeço a Deus por eu conseguir arrumar dinheiro para o metrô – há dias, confesso, em que tenho que “assaltar” a carteira do meu marido, que, felizmente, conseguiu uns bicos e deles vive e traz o nosso modesto sustento.

- Agradeço a Deus por eu ter nascido no seio de uma família espírita.

- Agradeço a Deus pela carreira universitária que trilhei com propósito, responsabilidade e lealdade.

- Agradeço a Deus pelos incontáveis alunos que cativei – e que me cativaram – e que seguem junto a mim nessas redes sociais, orando por mim e sempre me encorajando a levantar.

- Agradeço a Deus pelo meu marido, pelos nossos au-auzinhos, e por nossas respectivas famílias.

- Agradeço a Deus pelo filho que tivemos (foi curta a passagem deste anjo pela Terra, mas ele nos ensinou muito e nunca se revoltou, nunca se queixou).

- Agradeço a Deus por meu tio-avô Edgard Antonio de Castro ter insistido com minha mãe, que mora em outra cidade, para que ela, por sua vez, insistisse comigo, nos nossos bate-papos telefônicos, para que eu procurasse a Casa Espírita que freqüento há quase um ano.

- Agradeço a Deus pelos meus médicos, seres humanos realmente humanos e profissionais de alto quilate, que são atenciosos e carinhosos comigo.

- Agradeço a Deus, igualmente, pelos médicos que me atendem quando preciso de serviços de pronto-socorro. São todos competentes e afetuosos.

- Agradeço a Deus pela médica que, dia desses, por ocasião de férias de colega que cuida de mim, ligou para o meu celular, ciente de um telefonema meu à central do plano de saúde, quando comuniquei não estar me sentindo bem. Não me conhecendo, a médica fez perguntas para, então, fazer suas recomendações. Também confiou-me seu número de celular e pediu que eu lhe desse um “feedback” após fazer o que ela indicara.

- Agradeço a Deus pelos três anjos que socorreram minha triste alma numa noite dessas: Natália, assistente em uma drogaria, que se mostrou sensível ao estado em que eu me encontrava; Ivete, cliente da drogaria e que ali estava para comprar medicamentos para câncer e que me amparou moralmente e se ofereceu para pagar meus medicamentos; e Ana Thereza, também cliente da drogaria, que também me amparou moralmente e que comprou os meus medicamentos após “brigar” (no bom sentido, é claro!) com Ivete.

- Agradeço a Deus por ter colocado Francisco no meu caminho. Esse brasileiro jovem, porém com as mãos calejadas e pai de um filho, sofreu um acidente na área rural da bela cidade maranhense de Imperatriz (Aliás, permitam-me mandar um abraço muito forte e gostoso aos amigos que tenho lá! Saudades!) e perdeu a perna esquerda. Aqui em São Paulo, vive de bicos, quando os encontra e é aceito. Francisco me abordou num café de uma estação de metrô. Tinha fome, e eu, graças a Deus, tinha dinheiro, naquele dia, para pagar-lhe um lanche.

- Agradeço a Deus pela Rosângela, uma amiga-colega que me presenteou com um livro cuja leitura deve ser feita em julho, quando das férias dos estudos. Rô, obrigada pelo carinho, pela preocupação e pelo livro. Eu realmente não tinha como comprá-lo!

- Agradeço a Deus por eu ter voltado a estudar (gratuitamente). Completei apenas o primeiro semestre neste mês. Tenho pela frente 15 semestres (7 anos e meio) e não sei se terei vida para tanto. Mas sigo em busca do meu sonho: se eu conseguir completar o curso, vou dedicar minhas habilidades apenas e tão-somente para o benefício dos meus próximos. Que Deus me ajude a voar!


08 maio 2011

MÃE, MÃES...

Amados e Amadas:

Os que acompanham este Blog desde o início, ou seja, desde 20 de outubro de 2010, talvez se lembrem de minha primeira postagem, intitulada PARA A MIRNA. Aliás, querendo ler tal postagem, basta usar o caminho à esquerda e ir clicando até chegar lá:

Arquivo do blog > 2010 > outubro > PARA A MIRNA

Aqueles que têm paciência, que leem meus textos, e que, inclusive, e usando a barra de rolagem, são curiosos para visualizar todos os elementos fixos do Blog, certamente encontram, na parte inferior de cada página, a dedicatória do espaço: Mirna Leandro de Castro (30/11/1951 - 05/08/2001), ser humano meigo, porém sem medo de briga. Era competente jornalista, batalhadora pelos direitos dos cidadãos, ecologista, porta-voz dos injustiçados. Era minha prima. Era mulher, filha, irmã, esposa e... mãe. Mãe do Leandro, hoje um lindo e aplicado universitário.

Tomei emprestada a foto abaixo da primeira página do Jornal do Cambuci & Aclimação (edição de 10 a 16/08/2001), fundado pela Mirna, e que segue seu trabalho, sempre transparente e comprometido com a cidadania, devido à persistência do viúvo, do filho, do pai, e de uma equipe de primeira. Na foto, Mirna posa ao lado do filho, ainda na fase da chupeta. Porém, devo, à guisa da verdade, comentar que Leandro já era um rapazinho de 11 anos de idade quando a mãe desencarnou, ou seja, ele não mais usava a chupeta!





Pois é, esta capa foi, simultaneamente, e até hoje, a mais linda e a mais triste do jornal, pois que dava conta da partida de um anjo. Como um barco que desaparece no horizonte, Mirna recebeu um "Adeus!" ou um "Até Breve!" daqueles que ficaram deste lado. Todavia, o barco que desapareceu do nosso horizonte apareceu no horizonte do Céu, e lá seus habitantes, imbuídos de indescritível júbilo, gritaram: "Seja bem-vinda ao teu verdadeiro lar, Mirna!"

Achei por bem publicar esta foto da Mirna com o filho neste "Dia das Mães". Não só porque, em breve, o calendário apontará 10 anos de sua partida, mas porque ela era mãe. E porque continua sendo mãe, acompanhando seu filho, além de demais familiares e amigos.

Geralmente vejo o paizinho de Mirna, meu tio Edgard, no Centro Espírita que frequentamos na Vila Mariana. Meu tio já recebeu diversas mensagens de Mirna por intermédio dos médiuns do Centro. Ela está bem. Desprendida das coisas materiais, e sabedora de que a morte não põe um ponto final nas relações afetivas, aceitou habitar o Mundo Espiritual. E provavelmente abraçou sua própria mãezinha quando esta desencarnou em 1º de maio de 2008. Posso até ouvi-la falar:


- E aí, mãe, beleza? Tudo em cima?

Sim, mas enquanto tinha vida, tinha esperança, e batalhou com todas as armas que pôde, contando com o profissionalismo e o carinho do Hospital Sírio-Libanês. Batalhou em nome do filho, do marido, dos pais, da irmã, de todos os familiares, dos amigos e da comunidade que representava com garras de uma mãe leoa a defender sua prole. Mas o tumor cerebral venceu e Mirna partiu.

Ainda está em cartaz o filme "As Mães de Chico Xavier", que descreve a dor de mães que perderam seus filhos, e sua busca por notícias e conforto. O roteiro parte de uma afirmação muito comum: um bom filho sofre quando perde sua mãe, mas uma mãe sofre muito mais quando perde um filho, mesmo que este tenha escolhido trilhar os caminhos do crime e da ilegalidade. Mãe é mãe!


Sem grana para o cinema, ainda não vi o filme, mas presto atenção no "trailer" que vai ao ar pela televisão. Parece-me que o Chico (interpretado pelo ator Nelson Xavier) recebe a mensagem de um espírito, filho de uma dessas mães, na qual está escrito que "saudade é uma dor que fere nos dois mundos". Quanta verdade nesta frase!!! Mesmo para nós, espíritas, que temos mais compreensão e aceitação dos desígnios de Deus quanto à "morte", a saudade dói... e muito!

Dia desses, uma colega de Centro, a Maria Antonieta, entregou a mim e a algumas colegas - todas tendo em comum a perda de um filho - cópias da mensagem que peço licença para publicar abaixo. Ela já recebera a mensagem em forma de cópia, assim que não conheço a procedência. Mas a beleza e a verdade do texto são inegáveis. A Mirna, por exemplo, poderia tê-la ditado a um médium!


Pense em mim


Se você me ama, não chore.
Se você conhecesse o mistério insondável do
céu onde me encontro...
Se você pudesse ver e sentir o que eu vejo e
sinto nesses horizontes sem fim

e nesta luz que tudo alcança e penetra,
você jamais choraria por mim.
Estou agora absorvido pelo encanto de Deus,
pelas suas expressões de infinita beleza.
Em confronto com esta nova vida, as coisas do
tempo passado são pequenas e insignificantes.
Conservo ainda todo o meu afeto por você e
uma ternura que jamais lhe pude, em
verdade, revelar.
Amamo-nos ternamente em vida, mas tudo
era então muito fugaz e limitado.
Vivo na serena expectativa de sua chegada,
um dia... entre nós.
Pense em mim assim: nas suas lutas pense
nesta maravilhosa morada, onde não existe
a morte e onde, juntos, viveremos no enlevo
mais puro e mais intenso,
junto à fonte inesgotável da alegria e do amor.
Se você verdadeiramente me ama,
não chore mais por mim.

“ E U   E S T O U   E M   P A Z .”



Pois é, neste 8 de maio, “Dia das Mães”, gostaria de ter ido ver minha mãe, que, graças a Deus, ainda está encarnada. O que mais recebi foi incentivo dos amigos para viajar os 80 km entre São Paulo (onde moro) e Santos (onde ela mora). Recebi até oferta de carona, da amiga Alessandra Guimarães Chiarelli (uma brilhante ex-aluna), para poder ver minha mãe neste dia!


Renato, meu marido, ficaria em São Paulo, pois, felizmente, recebeu uma tradução enorme para fazer. Mas ele nunca me impediria de viajar, como nunca me impediu nesses anos todos em que estamos juntos, anos em que viajei bastante e por muito tempo. O Renato não é apenas meu marido, mas é, principalmente, companheiro, amante, amigo, e 100% atenção no que se refere a mim – e há muitas outras qualidades neste bom homem! Porém, simplificando tudo, a felicidade, para o Renato, consiste em me ver feliz.

Aqueles que acompanham nossa vida conjunta e/ou as postagens neste Blog conseguem ter uma ideia do afeto que nos une, bem como da cumplicidade que temos em todos os momentos. Tais pessoas sabem, também, que a vida não nos tem sido fácil ultimamente. Graças a Deus, estamos mais unidos do que nunca, prova de que não é necessário trocar esse tipo de juramento perante uma autoridade eclesiástica: “Na saúde e na doença, na alegria e na tristeza, na riqueza e na pobreza.”

Renato e eu já não podemos ir a vários lugares porque, simplesmente, o dinheiro é contado. Se desrespeitarmos o planejamento, vamos ficar descobertos, e aí tudo será pior. Renato é professor de inglês autônomo e tem seus clientes. E, quando aparece uma tradução para fazer, algo cujo assunto, prazo e condições sejam razoáveis, ele aceita. O que ele não quer é aceitar qualquer coisa somente pelo dinheiro, apesar de tanto precisarmos deste. Contudo, se não houver condições e prazos para que ele produza um bom trabalho, ele o recusa. E eu aprovo totalmente esta sua atitude!

Enfim, mas eu gostaria, repito, de ter podido ver minha mãe no dia de hoje. Porém, não aceitei a carona da Alessandra por orgulho, mas por uma série de circunstâncias que expliquei a ela em particular. Houve, numa dessas redes sociais, uma imensa campanha (68 posts em pouquíssimos minutos!!!) para que eu fosse ver minha mãe. Além da Alessandra Guimarães Chiarelli, um amigo e muitas amigas insistiram, e faço questão de arrolar seus nomes, pois lhes sou e serei eternamente grata: Aelita Kusmenkovsky; Alessandra Schiavelli; Alysson Guariento; Aninha Contim; Carla Dutra; Claudia Reali; Cristiane Rodrigues; Daniela Medeiros; Eliana Fogazza; Juliana Brandão; June Camargo; Luana Moreno; Lucy Vitale; e Sueli Rocha.

Não aceitei a carona por circunstâncias bem particulares, que a Alê respeitou, apesar de continuar dizendo que estava, está e sempre estará à disposição. Aconselha a sensatez, no entanto, que eu não torne públicas as tais circunstâncias particulares. Assim, vou apenas registrar aquela que diz respeito única e exclusivamente a mim: não quero que minha mãe veja o meu semblante, pois não conseguirei disfarçar o quão decepcionada me encontro com a minha própria pessoa. Fracassei.


Perdi a garra que tinha, perdi a coragem. Transformei-me numa verdadeira manteiga derretida e choro muito. Meu sorriso já não sai com tanta facilidade como antigamente. E hoje levo uma vida bem limitada. Primeiramente vieram os problemas emocionais ainda advindos "daquela" demissão... Hoje, somam-se problemas físicos variados que fazem de mim figurinha fácil em consultórios médicos, hospitais (setor de Radiologia), centros de medicina diagnóstica, etc. E o monte de remédios que tomo diariamente? Ainda bem que existem os programas "Farmácia Popular" e "Dose Certa", respectivamente do governo federal e do governo estadual.

E lá vou eu: carequinha, apoiando-me numa bengala, e tartarugando. Se o dia está ensolarado, e estamos naquelas horas em que o sol pode prejudicar a pele, uso um boné (tenho 8, o que significa que posso variar) e coloco bloqueador solar "fator 1000" (rsrsrs...) na pele!

Minha mãe, como faz todos os domingos, liga para mim e colocamos os assuntos em dia. Ela ia ligar hoje também. Mas o Renato teve uma ideia, que acatei com alegria:

- A surpresa vai ser se você ligar. Por que você não liga para a sua mãe?

Foi o que fiz e ela ficou surpresa! Senti em sua voz! E pude agradecer por ela ter me querido, por ter me dado a vida, por ter me alfabetizado, por ter me passado valores morais, por não ter me jogado de uma janela... Ela riu nesse momento, quando falei da janela.

É, minha gente, o negócio é brincar!